Por Danielle Spada
“ Não se imita aquilo que se quer criar“
Georges Braque (1882 - 1963)
Georges Braque (1882 - 1963)
Para melhor esclarecer as mudanças propostas pelo cubismo, vamos atentar para algumas das suas particularidades: o cubismo é um movimento artístico com algumas marcas fundamentais. Nele, as figuras são quebradas em planos e reorganizadas sem a utilização da perspectiva tradicional. As referências à arte primitiva também servem para contestar a noção de profundidade renascentista.
O termo cubismo designa um movimento que usava figuras geométricas (triângulos, cubos) para construir uma imagem.
O termo cubismo designa um movimento que usava figuras geométricas (triângulos, cubos) para construir uma imagem.
Duas características principais definem o cubismo:
1)É uma arte onde já não é possível distinguir o que é imagem principal do que é o fundo de uma tela;
2) Nele uma imagem é mostrada a partir de vários pontos de vista. Exemplo: um retrato mostra uma mulher de frente e de perfil ao mesmo tempo. Com esse tipo de representação o cubismo pôs fim à perspectiva, recurso usado há seis séculos até então, e que dava a ilusão de profundidade na arte.
Outras características:1)É uma arte onde já não é possível distinguir o que é imagem principal do que é o fundo de uma tela;
2) Nele uma imagem é mostrada a partir de vários pontos de vista. Exemplo: um retrato mostra uma mulher de frente e de perfil ao mesmo tempo. Com esse tipo de representação o cubismo pôs fim à perspectiva, recurso usado há seis séculos até então, e que dava a ilusão de profundidade na arte.
•Geometrização das formas e volumes
•Renúncia à perspectiva
•O claro-escuro perde sua função
•Representação do volume colorido sobre superfícies planas
•Sensação de pintura escultórica
•Cores austeras, do branco ao negro passando pelo cinza, por um ocre apagado ou um castanho suave.
“Não consigo ver nada além de cubinhos.”
Matisse
Foi o pintor francês Henri Matisse quem, em 1908, criou o termo cubismo, o qual, por sua vez, viria nomear este movimento artístico.
Embora os quatro verdadeiros Cubistas: Picasso, Braque, Gris e Legér, quebrassem os objetos em pedaços, que não eram propriamente cubos, o nome pegou.
A Arte consiste em inventar e não copiar.”
Fernand Léger
Os primeiros artistas a realizar pesquisas simultâneas de novas formas de representação foram Braque e Picasso. Os dois foram fortemente influenciados pela produção de Cézanne (1839-1906), descrita em 1904 pelo pintor e escritor francês Émile Bernard (1868-1941) como uma maneira de "tratar a natureza por meio do cilindro, da esfera, do cone".
O cubismo se divide em duas grandes fases.
CUBISMO ANALÍTICO E CUBISMO SINTÉTICO
Até 1912, no chamado cubismo analítico, observa-se uma preocupação predominante com as pesquisas estruturais, por meio da decomposição dos objetos e do estilhaçamento dos planos, e forte tendência ao monocromatismo.
Usavam a monocromia para não serem distraídos pelas cores.
Pablo PicassoMulher em verde, 1909
Retrato de Ambroise Vollard - Picasso.
Em 1912-1913, as cores se acentuam e a ênfase dos experimentos é colocada sobre a recomposição dos objetos. Nesse momento do cubismo sintético, elementos heterogêneos - recortes de jornais, pedaços madeira, cartas de baralho, caracteres tipográficos, entre outros - são agregados à superfície das telas, dando origem às famosas colagens, amplamente utilizadas a partir de então.
Reagindo à excessiva fragmentação dos objetos e à destruição de sua estrutura. Basicamente, essa tendência procurou tornar as figuras novamente reconhecíveis. Também chamado de Colagem porque introduz letras, palavras, números, pedaços de madeira, vidro, metal e até objetos inteiros nas pinturas. Essa inovação pode ser explicada pela intenção do artistas em criar efeitos plásticos e de ultrapassar os limites das sensações visuais que a pintura sugere, despertando também no observador as sensações táteis.
Assim como Cézanne foi importante, é também inegável a importância de Picasso para a arte moderna, porém foi Braque quem trouxe para o movimento cubista procedimentos fundamentais como o "papier collé" (colagem) e o "assemblage" (inclusão de objetos na obra de arte). Estas idéias foram, posteriormente, também apropriadas com euforia por Picasso.

No verão de 1912, Braque produziu o quadro "Prato com Fruta e Copo", criando o primeiro papier collé.

Aliás, já no inverno anterior Georges Braque tinha realizado uma imitação de textura de madeira para um quadro intitulado "Hommage à J.S. Bach" onde inseriu o nome do compositor, usando outro método inovador: recortando as letras em papel para depois as colar no quadro.
Convém aqui abrir um parêntesis para salientar que desde o início do Cubismo, Braque representa a postura baseada na pesquisa plástica contínua, à qual a pintura contemporânea deve alguma das descobertas basicas: a concepção do quadro objeto, a inserção de caracteres impressos, letras, números e outros signos diversos, no quadro, como motivo de criação de formas reais, existentes apenas na pintura e ainda o uso do papier collé na evocação poética do real. Será também o primeiro artista a misturar areia, cinzas, serragem, limalha de ferro e outros materiais, na tinta.
Em “O Bandolim Azul” o artista aplicou grande quantidade de areia à tinta, o que dá uma aparência de textura real que contrasta com as ilusões que queria transmitir para o espectador.
“O Bandolim Azul”
Além de Braque e Picasso, Juan Gris contribuiu significativamente para o cubismo sintético.
Juan Gris. Guitarra diante do mar, 1925
Fernand Léger
Adicionou formas curvas ao vocabulário angular cubista, foi apelidado de “Tubista” pois suas formas eram tubulares.
Bibliografia
ARGAN, Giulio Carlo. Arte moderna: do iluminismo aos movimentos contemporâneos. Tradução Denise Bottmann, Frederico Carotti; prefácio Rodrigo Naves. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. xxiv, 709 p., il. color.
CHALVERS, Ian. Dicionário Oxford de arte. Tradução Marcelo Brandão Cipolla. 2.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
COTTINGTON, DAVID. Cubismo. Tradução Luiz Antônio Araújo. São Paulo: Cosac & Naify, 1999. 80 p., il. color. (Movimentos da arte moderna).
DAIX, Pierre. Dictionnaire Picasso. s.l.: Éditions Robert Laffont, 1995.
DICIONÁRIO da Pintura Moderna. Tradução Jacy Monteiro. São Paulo: Hemus, 1981. 380 p., il. p.b.
La Nuova enciclopedia dell'arte Garzanti. Milão: Garzanti, 1986.
MICELI, Sérgio. Nacional estrangeiro: história social e cultural do modernismo artístico em São Paulo. São Paulo: Companhia das Letras, 2003. 211 p., il. color.
MORAIS, Frederico. Cronologia das artes plásticas no Rio de Janeiro: da Missão Artística Francesa à Geração 90 : 1816-1994. Rio de Janeiro: Topbooks, 1995. 559p.
ZANINI, Walter (org.). História geral da arte no Brasil. Apresentação Walther Moreira Salles. São Paulo: Fundação Djalma Guimarães : Instituto Walther Moreira Salles, 1983. 2v., il. color.
Nenhum comentário:
Postar um comentário