Por Danielle Spada
“Para mim, o tema de um quadro e o fundo dele têm o mesmo valor ou, para ser mais claro, nenhum ponto é mais importante que outro. O que vale é a composição, o padrão geral. Um quadro é feito pela combinação de superfícies diferentemente coloridas" - Matisse (1905).
A arte do pintor francês Matisse baseia-se num método que, segundo ele próprio, consiste em abordar separadamente cada elemento da obra -- desenho, cor, composição e em juntá-los numa síntese, "sem que a eloqüência de um deles seja diminuída pela presença dos outros".
" Como se pode fazer arte sem paixão? O artista pode dominar a arte mais ou menos, mas é a paixão que motiva sua obra. Dizem que toda minha arte provém da inteligência. Não é verdade: tudo que fiz foi por paixão." - H. Matisse
Em sua primeira fase, Matisse se mostrava como descendente direto de Cézanne, em busca do equilíbrio das massas, mas outras influências, como as de Gauguin, Van Gogh e Signac, levaram-no a tratar a cor como elemento de composição.

"Luxo, Calma e Volúpia" (Luxe, calm et volupte - 1904-05
Em 1908, a euforia decorativa de "O aparador, harmonia vermelha" atestava que Matisse já tinha estilo próprio.

"O aparador, harmonia vermelha"
“Isso não é uma mulher!” – Disse um inconformado visitante de sua exposição em 1905.
“ Acima de tudo não criei uma mulher, pintei um quadro”
Essa era a premissa básica da arte no séc. XX: A arte não representa, mas reconstrói a realidade.

Madame Matisse, 1905
Matisse procurou eliminar o não essencial e reter apenas as qualidades fundamentais do tema.
“ Condensação de emoções... Constitui um quadro” Matisse
Minimalista, antes que o termo existisse, em dez traços evocava com perfeição um nu sensual.
Dos pintores fauvistas, que exploraram o sensualismo das cores fortes, ele foi o único a evoluir para o equilíbrio entre a cor e o traço em composições planas, sem profundidade.

Ao explorar ora o ritmo das curvas, como em "A música" (1909) e "A dança" (1933), ora o contraste entre linhas e chapadas, Matisse procurou uma composição livre, sem outra ligação que não o senso de harmonia plástica. Sua cor não se dissolvia em matizes, mas era delimitada pelo traço.

"A música" (1909)

"A dança" (1933)
Já liberto do Fauvismo, o pintor mostrou, às vezes, tendência a reduzir as linhas à essência, como em "A lição de piano" (1916), mas não se interessou pela pura abstração. O amor pela exuberância decorativa aparece em "Blusa romena" e na série "Odaliscas", de 1918.

"Blusa romena"
"Sonho com uma arte do equilíbrio, pureza e serenidade, isenta de temas inquietantes e perturbadores", dizia. "Quero que minha arte seja como uma boa poltrona em que se descansa o corpo cansado".
Em sua fase final, Matisse voltou-se para a esquematização das figuras, de que são exemplos a decoração mural "A dança", para a Barnes Foundation, em Merion, nos Estados Unidos, e os papiers collés ou gouaches découpées (técnica que chamou de "desenho com tesoura") que ilustram Jazz (1947), livro com suas impressões sobre a arte e a vida.
O Tobogã (1943)
Tristeza do Rei (1952)
Foi também escultor e ilustrador. Em 1944, como desenhista, ilustrou as Fleurs du mal (Flores do mal), de Baudelaire, e, como litógrafo, as Lettres portugaises (1946; Cartas portuguesas), atribuídas a soror Mariana Alcoforado, e Les Amours, de Pierre Ronsard.
Ilustrações para Fleurs du mal (Flores do mal), de Baudelaire

Large Seated Nude, 1925 - bronze
Entre 1948 e 1951 dedicou-se à concepção arquitetônica e à decoração interior da capela do Rosário em Saint-Paul, perto de Vence, no sul da França. O autor considerava essa sua melhor obra, e nela concebeu todos os detalhes, dos vitrais ao mobiliário, voltado para uma concepção mais ascética das formas, embora nos arabescos florais predomine uma linha sinuosa.
“Trabalhei anos para que as pessoas dissessem: ‘Parece tão fácil fazer!’.” Matisse
“ A exatidão não é a verdade”
A única verdade que importa, segundo Matisse, difere da aparência externa. Encontrar essa verdade nuclear significa buscar um “signo” irredutível para representar um objeto.
O fato de o “signo” parecer frívolo, as vezes, infantil, é parte do sucesso de Matisse .
Henri Matisse morreu em Nice, França, em 3 de novembro de 1954.
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