sexta-feira, 25 de setembro de 2009

MATISSE

Por Danielle Spada

“Para mim, o tema de um quadro e o fundo dele têm o mesmo valor ou, para ser mais claro, nenhum ponto é mais importante que outro. O que vale é a composição, o padrão geral. Um quadro é feito pela combinação de superfícies diferentemente coloridas" - Matisse (1905).

A arte do pintor francês Matisse baseia-se num método que, segundo ele próprio, consiste em abordar separadamente cada elemento da obra -- desenho, cor, composição e em juntá-los numa síntese, "sem que a eloqüência de um deles seja diminuída pela presença dos outros".

" Como se pode fazer arte sem paixão? O artista pode dominar a arte mais ou menos, mas é a paixão que motiva sua obra. Dizem que toda minha arte provém da inteligência. Não é verdade: tudo que fiz foi por paixão." - H. Matisse


Em sua primeira fase, Matisse se mostrava como descendente direto de Cézanne, em busca do equilíbrio das massas, mas outras influências, como as de Gauguin, Van Gogh e Signac, levaram-no a tratar a cor como elemento de composição.


"Luxo, Calma e Volúpia" (Luxe, calm et volupte - 1904-05

Em 1908, a euforia decorativa de "O aparador, harmonia vermelha" atestava que Matisse já tinha estilo próprio.


"O aparador, harmonia vermelha"


“Isso não é uma mulher!” – Disse um inconformado visitante de sua exposição em 1905.
“ Acima de tudo não criei uma mulher, pintei um quadro”
Essa era a premissa básica da arte no séc. XX: A arte não representa, mas reconstrói a realidade.


Madame Matisse, 1905


Matisse procurou eliminar o não essencial e reter apenas as qualidades fundamentais do tema.
“ Condensação de emoções... Constitui um quadro” Matisse
Minimalista, antes que o termo existisse, em dez traços evocava com perfeição um nu sensual.
Dos pintores fauvistas, que exploraram o sensualismo das cores fortes, ele foi o único a evoluir para o equilíbrio entre a cor e o traço em composições planas, sem profundidade.



Ao explorar ora o ritmo das curvas, como em "A música" (1909) e "A dança" (1933), ora o contraste entre linhas e chapadas, Matisse procurou uma composição livre, sem outra ligação que não o senso de harmonia plástica. Sua cor não se dissolvia em matizes, mas era delimitada pelo traço.


"A música" (1909)

"A dança" (1933)


Já liberto do Fauvismo, o pintor mostrou, às vezes, tendência a reduzir as linhas à essência, como em "A lição de piano" (1916), mas não se interessou pela pura abstração. O amor pela exuberância decorativa aparece em "Blusa romena" e na série "Odaliscas", de 1918.


"Blusa romena"

Odalisca

"Sonho com uma arte do equilíbrio, pureza e serenidade, isenta de temas inquietantes e perturbadores", dizia. "Quero que minha arte seja como uma boa poltrona em que se descansa o corpo cansado".


Em sua fase final, Matisse voltou-se para a esquematização das figuras, de que são exemplos a decoração mural "A dança", para a Barnes Foundation, em Merion, nos Estados Unidos, e os papiers collés ou gouaches découpées (técnica que chamou de "desenho com tesoura") que ilustram Jazz (1947), livro com suas impressões sobre a arte e a vida.

O Tobogã (1943)


O Palhaço (1943)


A Lagoa (1944)


Nu azul (1952)

Tristeza do Rei (1952)

Foi também escultor e ilustrador. Em 1944, como desenhista, ilustrou as Fleurs du mal (Flores do mal), de Baudelaire, e, como litógrafo, as Lettres portugaises (1946; Cartas portuguesas), atribuídas a soror Mariana Alcoforado, e Les Amours, de Pierre Ronsard.



Ilustrações para Fleurs du mal (Flores do mal), de Baudelaire


Lettres portugaises (1946; Cartas portuguesas), atribuídas a soror Mariana Alcoforado

Les Amours, de Pierre Ronsard


Nuded turned to side –
Florilege des Amours de Ronsard
Deixou uma vasta obra gráfica, além de esculturas representativas de cada uma de suas fases artísticas.
Madeleine II, 1903.
La Serpentine, 1909 - bronze

Large Seated Nude, 1925 - bronze


Le Tiaré, 1930

Entre 1948 e 1951 dedicou-se à concepção arquitetônica e à decoração interior da capela do Rosário em Saint-Paul, perto de Vence, no sul da França. O autor considerava essa sua melhor obra, e nela concebeu todos os detalhes, dos vitrais ao mobiliário, voltado para uma concepção mais ascética das formas, embora nos arabescos florais predomine uma linha sinuosa.

Capela do Rosário em Saint-Paul

“Trabalhei anos para que as pessoas dissessem: ‘Parece tão fácil fazer!’.” Matisse


“ A exatidão não é a verdade”

A única verdade que importa, segundo Matisse, difere da aparência externa. Encontrar essa verdade nuclear significa buscar um “signo” irredutível para representar um objeto.
O fato de o “signo” parecer frívolo, as vezes, infantil, é parte do sucesso de Matisse .

Henri Matisse morreu em Nice, França, em 3 de novembro de 1954.































Nenhum comentário:

Postar um comentário