Apesar da importância inconteste, não deixa de ser estranho que, até agora, Matisse tenha ficado na sombra para o público paulista.
Montagem da exposição de Matisse na Pinacoteca em SP; mostra reúne obras do "rei das feras"
"Acho que isso tem a ver com o poder dos críticos que selecionaram obras para a Bienal e sempre privilegiaram Duchamp e Picasso, mas o fato é que ele é o artista adorado pelos artistas", conta Regina Teixeira de Barros, uma das curadoras.
Com cerca de 80 obras do "rei dos feras", a mostra reúne ainda trabalhos de cinco artistas contemporâneos franceses --Cécile Bart, Christophe Cuzin, Frédérique Lucien, Pierre Mabille e Philippe Richard, selecionados por Emilie Ovaere, curadora adjunta do Museu Matisse, em Le Cateau-Cambrésis, terra natal do pintor.
Matisse foi considerado "o rei das feras", por ser o grande líder do fauvismo, movimento dos "fauves" (feras, em francês), que utilizavam em suas pinturas cores fortes e ousadas. A particularidade de Matisse foi a maneira como contornava as figuras com desenhos. "Seu principal eixo de pesquisa foi o diálogo da linha com a cor", defende Ovaere.
Algumas características fundamentais dos artistas modernistas são destacadas na mostra, como a apreciação pelo exótico e pelo estrangeiro.
Enquanto Picasso usou máscaras africanas como referência em suas obras, e Gauguin, a luminosidade do Taiti, Matisse se inspirou no Marrocos para criar uma série sobre odaliscas.
Esse tema é um dos cinco eixos da mostra --os outros são: Paisagens Iniciais, Naturezas-Mortas, O Gabinete de Artes Gráficas e Papéis Recortados.
"Buscamos selecionar trabalhos emblemáticos de períodos emblemáticos", conta Ovaere. Um dos exemplos que a curadora aponta é a tela "Nu Cor-de-Rosa Sentado", de 1941, que pertence ao Centro Pompidou, em Paris. "Esse é um trabalho superexperimental, no qual se pode ver como ele queria revelar o processo da pintura, típica atitude dos modernistas", diz.
FABIO CYPRIANO
da Folha de S.Paulo
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